domingo, 27 de janeiro de 2013

Massacre de Felisburgo completa oito anos


No dia 20 de novembro de 2004, cinco sem-terra morreram e 20 ficaram feridos após ataque de 17 pistoleiros contra um acampamento do MST; passados tantos anos, os criminosos ainda estão impunes. Julgamento de Adriano Chafik (foto), líder da ação e dono da fazenda ocupada, está marcado para o dia 17 de janeiro de 2013
22/10/2012
Maíra Gomes
de Belo Horizonte

O dia do Massacre foi 20 de novembro de 2004. Período: Manhã. A cidade: Felisburgo, em Minas Gerais. Local: Acampamento Terra Prometida. Saldo: Cinco homens mortos, 20 pessoas gravemente feridas, 200 famílias com suas casas e escola em cinzas, e um longo período de resistência e coragem, de luta contra a impunidade.
O dono da fazenda Nova Alegria, ocupada havia dois anos pelo Movimento dos Sem Terra, é Adriano Chafik (foto). Ele e mais 17 pistoleiros invadiram o acampamento em uma manhã de sábado atirando aleatoriamente contra os que ali viviam. Foram assassinados Iraquia Ferreira da Silva, 23 anos; Miguel José dos Santos, 56 anos; Juvenal Jorge da Silva, 65 anos; Francisco Ferreira Nascimento, 72 anos; e Joaquim José dos Santos, 48 anos, todos trabalhadores do campo.
O sobrevivente e morador do acampamento Jorge X presenciou o massacre. Ele conta que Adriano Chafik e os pistoleiros não queriam conversar, já chegaram atirando. “Eles estavam muito bem armados, os que tinham menos armas, tinham duas”, revela. Ele conta que o episódio não durou muito. Após pouco tempo já se viam corpos no chão, muitos feridos e um cenário de horror no acampamento. “Eles estavam tão bem organizados, foi tão premeditado, que depois dos tiros eles voltaram e de lá de cima, já saindo, eles atiraram de novo. A turma ia rodando e atirando, rodando e atirando, todos juntos”, relata Jorge. O massacre foi finalizado com o incêndio dos barracos, incluindo a escola da comunidade.

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Os pistoleiros e Adriano Chafik foram presos logo após o ocorrido, quando o latifundiário confessou em depoimento ter participado do massacre. Mas poucos dias depois foram postos em liberdade. Hoje, oito anos após o ocorrido, os criminosos ainda estão impunes. Recentemente, o julgamento de Adriano Chafik foi marcado para o dia 17 de janeiro de 2013.

O dirigente do MST conta que foram feitas diversas investidas para a punição dos culpados, mas explica que Chafik tem um aparato de advogados forte, o que vem garantindo esses anos de impunidade. O movimento, porém, também obteve conquistas. O julgamento, que seria na comarca de Felisburgo, foi marcado para a cidade de Belo Horizonte.

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